Créditos da Imagem: PinoO Samuel fica com um olhar sapeca quando quer aprontar algo. Foi esse mesmo olhar que vimos quanto a psicóloga da Vara da Infância nos mostrou a sua foto pela primeira vez. Uns dias antes, havíamos recebido um telefonema em que a pessoa nos disse: “tem um menino aqui prá adoção, ele tem cinco anos, mas, vou logo avisando, ele tem um problema na fala… vocês tem interesse?” Então fomos…

A psicóloga com muito cuidado e gentileza nos apresentou uma lista apavorante das dificuldades da criança, seu histórico familiar que incluía uma mãe com aparentes problemas mentais, um pai desconhecido e quatro tentativas de incluí-lo em famílias substitutivas sem sucesso. Um ano mais tarde ela nos confessaria: “vocês eram a nossa última tentativa…”

O primeiro pensamento que veio à minha cabeça foi: “Será que é isso mesmo que Deus tem para nós?” Alguns dias depois fomos conduzidos à casa abrigo, um lugar muito agradável, amplo, com muito verde e várias casas onde as crianças ficavam abrigadas com suas mães cuidadoras. Quando chegamos ali sabíamos que seria um caminho sem volta, não teríamos coragem de conhecer aquela criança e simplesmente deixá-la, abandoná-la. Em nossos corações ele já era nosso filho.

Samuel agia como um “bichinho” quase que por instinto, não falava, quando queria algo soltava um som que mais parecia um grunhido, devido ao fato de não ter aprendido a falar – babava muito, usava fralda (sim com 5 anos!), comia desesperadamente (como se fosse a última refeição de sua vida) e ao menor sinal de não fazermos a sua vontade logo se entregava a um ataque de ira. Mas a Roberta e eu o amamos instantaneamente. Algo intuitivo, que até hoje não sei explicar… desde o primeiro segundo.

Hoje faz dois anos que o Samuel mora conosco e a transformação daquele menino que vejo me olhar com admiração quando estou no púlpito da igreja, me enche de alegria e esperança na graça de Deus. E o pensamento de que

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há milhares de crianças como ele, abandonadas em abrigos por todo o Brasil me faz sentar diante deste computador e escrever este artigo.

Não sei quem você é, talvez você esteja em um computador no conforto do seu escritório lendo esse artigo, talvez esteja acessando o blog “Mulheres Piedosas” do seu celular ou “tablet”. Talvez você nunca tenha pensado na possiblidade de adoção. Talvez esteja com sérias dúvidas sobre esse assunto. Talvez já tenha resolvido entrar no processo. Na verdade, eu não tinha pensado em escrever sobre isso até ser convidado pelo “Mulheres Piedosas”. Mas gostaria de convidá-las a terminar de ler este artigo e refletir sobre esse assunto que, na verdade, tem tudo a ver com você, independentemente de quem você seja.

Quando olho pro meu filho e vejo como ele era e como ele é hoje, ou seja, vejo o processo de transformação ocorrendo na sua vida, chego cada vez mais à conclusão de que a adoção tem tudo a ver com o Evangelho. Na carta de Paulo aos Efésios ele diz o seguinte: “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra” (3.14,15), no capítulo 1 o apóstolo afirma: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (1.5).

A maneira como a paternidade humana funciona, imita tanto quanto revela a paternidade divina. Sendo assim, ao mesmo tempo que a adoção nos mostra quem somos (identidade), nos aponta para quem devemos refletir (adoração). Quando falamos sobre identidade, estamos falando sobre como definimos a nós mesmos – quais são os nossos talentos, qualidades, experiências, conquistas, crenças, etc. – é aquilo que somos. Quando falamos de adoração, estamos falando das coisas pelas quais vivemos – quais são os nossos desejos, metas, tesouros, missão, propósito, valores, ambições – é aquilo que controla os nossos corações.

Ao observarmos atentamente essas duas verdades chegamos a uma conclusão óbvia: quando amamos ao nosso Deus, amamos ao nosso próximo; quando amamos ao nosso próximo, amamos ao nosso Deus. Assim entendemos a nossa adoção nas regiões celestiais em Cristo e, consequentemente, a seguimos nas regiões terrenas, ou seja, na adoção de filhos. Se tirarmos da adoção essa ênfase de adoração, ela vira mera caridade, por outro lado, se tirarmos o aspecto de identidade, se torna uma mera metáfora. Ao que esse entendimento nos leva? Acho que a uma conclusão óbvia: as famílias cristãs devem ser as primeiras na fila de espera por uma oportunidade de adotar crianças rejeitadas e abandonadas por suas famílias de origem. Quanto mais envolvidos formos para com o Evangelho, maior se torna a nossa obrigação para com essas crianças.

Quando me lembro do jeito que o Samuel era e do crescimento que ele apresentou durante esse dois anos, não posso deixar de pensar na minha relação com Deus. Ele olhou para mim quando eu era um irracional, morto e escravo, alguém totalmente alienado da verdadeira vida e, sem Cristo, Ele me regenerou, me tirou do desamparo espiritual, da alienação parental da família de Deus e me trouxe para a Sua família, me deu o Seu nome. Oh como hoje eu consigo compreender melhor o Evangelho!

Uma coisa é a nossa cultura secularizada não entender a adoção: o que se pode esperar de uma sociedade que luta de forma tão egoísta para sobreviver? É de se esperar que a nossa sociedade não entenda a adoção de filhos mas fale em comprar ou adotar um cachorro de estimação (um dia desses, correndo no parque próximo à minha casa, ví um gato dentro de um carrinho de bebê). Agora, outra coisa bem diferente, mas bem diferente, é quando nós que seguimos a Cristo pensamos do mesmo jeito. Como assim? Será que a igreja contemporânea está, de fato, entendendo o que significa sermos adotados em Cristo Jesus?

Preciso ser sincero com vocês. Adoção não tem a ver apenas com casais que desejam e não podem, ter filhos. Esse assunto é para a igreja do Senhor Jesus Cristo adotada pelo Pai por meio do Filho. Como seria bom a igreja evangélica brasileira ser conhecida por ser um povo que acolhe crianças pequenas ou grandes em seus lares e faz delas seus filhos amados. Sinceramente, não creio que todos foram chamados para adotar, não quero que pais adotem crianças pelo mesmo senso de obrigação que alguns dão os seus dízimos! Mas todos nós devemos ter uma participação nisso, porque Jesus teve, Ele é o pai dos órfãos (Sl 68.5). Ele insiste em incluir criancinhas em seu reino (Mt. 25.40), e afirma que os verdadeiramente religiosos são aqueles que se preocupam com os órfãos (Tg. 1.25).

Não sei porque, na soberania de Deus, você está lendo esse artigo, mas se você é uma cristã verdadeira, um cristã piedosa, você tem parte nisso, mesmo que nunca adote uma criança. Mais uma vez não consigo deixar de trazer à memória a carinha do Samuel quando olha para mim no púlpito da igreja, e quando insiste, antes de eu ir à igreja, que eu coloque uma gravata. Não me esqueço do primeiro ano de aula dele (foi terrível!). Mas admito que estou orgulhoso do crescimento dele, não o vitimizo, apesar de saber que ele foi uma vítima indefesa de uma crueldade monstruosa. Ele é pecador, ele merece o inferno, muitas vezes, na maioria delas, ele é egoísta, chato, murmurador, birrento. Mas hoje não o vejo à luz do abandono, dos maus tratos, da casa-abrigo com suas psicólogas, pedagogas, assistentes sociais, mas à luz da graça de Deus que me adotou aos 18 anos de idade e me transformou à imagem do Seu Filho. E me pergunto, da onde vem esse menino, com esse olhar alegre, que me olha com respeito e dignidade?

Quando me abaixo para conversar com ele, cada vez mais entendo que não podemos ser a favor da adoção simplesmente por um aspecto social e político, ou por ser a última opção. Depois que todas as tecnologias de reprodução se esgotaram, lembro-me que falava com orgulho “quero ter um filho adotivo, mas só depois de ter um biológico”, quão tolo eu era. Qual a diferença? Hoje eu vejo o quanto eu era diabólico, pequeno, orgulhoso e arrogante. De que outra maneira eu saberia o que seria ter esse menininho, que antes não tinha ninguém por ele, e ser ligado a ele por uma paternidade que supera a genética? Como eu posso ensinar a doutrina da adoção sem viver isso?

Na verdade esse artigo não foi sobre adoção, foi sobre Jesus.

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Screen Shot 2014-03-12 at 1.53.54 AMPr. Carlos Mendes é casado com Roberta Mendes há 10 anos, pai do Samuel há 2, pastoreando a Igreja Presbiteriana Aliança – DF, mestre em Aconselhamento Bíblico pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.