A história de Ana é reverenciada por muitas mulheres cristãs. Ela sofreu com a esterilidade e então abnegadamente deu seu primogênito ao serviço do Senhor. No entanto, todos nós podemos aprender lições de fé e humildade com a vida de Ana, independentemente do nosso gênero ou fase da vida.
Ana sofreu uma das provações mais difíceis para uma mulher do seu tempo. As mulheres eram altamente valorizadas por seu papel como esposa e mãe, e quando a maternidade não acontecia, as mulheres sofriam por se sentirem inúteis. Hoje, também existem aqueles na igreja que choram amargamente por conta da infertilidade. Ou talvez estejamos experimentando confusão espiritual, vício por comida, solidão ou ansiedade e depressão. Talvez nos encontremos lutando com a solteirice, a perda de um cônjuge, erros financeiros, ou crises no casamento. Listar todas as nossas dificuldades diárias chegaria a ser enfadonho! Mas Ana sabia que sua dor e seus problemas não eram maçantes ou inoportunos para Deus.
I Samuel 1: 7 conta como ela não conseguia nem comer por causa de sua dor. Isso soa familiar? No verso dez, no entanto, ela coloca toda a sua amargura nas mãos de Deus através da oração. Depois de ler a história de Ana, vemos que a recomendação que Pedro faz é de fato muito boa: “lançando sobre ele toda vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:7). Essa profunda preocupação também se estende aos incrédulos: “Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? – diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ezequiel 18:23). Nunca devemos duvidar que Deus se preocupa com cada aspecto de nossas vidas: físico, mental, emocional e espiritual.
Muitas vezes, porém, mesmo que nós estejamos completamente infelizes, tendemos a tratar a oração como nosso último recurso. Eu posso seguramente presumir que a grande maioria de nós luta por querer parecer forte e pronta para lidar com qualquer coisa que a vida coloque em nosso caminho. Nós não sabemos quanto tempo Ana sofreu em silêncio, mas eventualmente ela percebeu que não poderia lidar com sua tristeza sozinha. Elcana, seu marido, tentou consolá-la (1 Samuel 1:8), mas ela mal podia esperar para levar seu fardo a Deus. Nós também nunca ficaremos satisfeitos sem o consolo encontrado no verdadeiro Consolador. O Salmo 61: 2 é um belo resumo da fervorosa oração de Ana no templo: “no abatimento do meu coração, leva-me para a rocha que é alta demais para mim”.
Todos nós já ouvimos o ditado: “O cristianismo é apenas uma muleta”. Mas o simples viver neste mundo como um ser humano deveria nos mostrar que de fato precisamos desesperadamente de Deus. Nós realmente somos criaturas fracas. Metaforicamente, não só temos duas pernas despedaçadas [que precisam sim das muletas], mas também braços inúteis, olhos sem visão e um coração partido e enfermo. O ponto é que um relacionamento com Deus é essencial, ao longo desta vida e na próxima. Como Ana, podemos ser grandemente confortados em não ter que suportar nossos fardos sozinhos.
Ano após ano, Ana suportava o peso da falta de filhos. Ela então orou por um milagre, e Deus não desprezou seu pedido. Ele mesmo colocou o desejo de filhos em seu coração. No entanto, após o nascimento de Samuel, a canção de Ana ilustra sua submissão à soberania de Deus: “Não multipliqueis palavras de orgulho; nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança…O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer a sepultura e faz subir. ”(1 Sam. 2: 3,6). Ana confiava na vontade de Deus, qualquer que fosse sua resposta.
A graça de Ana pode ser vista ainda em suas interações com os outros. Quando Eli interpretou mal sua forma de orar como se ela estivesse embriagada, ela não o atacou. Em vez disso, respondeu com cortesia e explicou que ela era “uma mulher atribulada de espírito ” (1 Sam. 1:15). Quando a ciumenta Penina ridicularizou Ana por sua infertilidade, não há evidência de réplicas maliciosas por parte de Ana. Muitas vezes, quando estamos estressados e exaustos, os que estão próximos a nós podem ter que suportar o peso de nossa frustração. É claro que esse tipo de reação é errado, mas definitivamente não são antinaturais ao nosso estado decaído. O Senhor acolherá nossas orações para termos o mesmo espírito manso que foi dado a Ana.
A história de Ana é relativamente breve, abrangendo apenas dois capítulos. Mas o seu exemplo é valioso. Sua luta contra a infertilidade ensina jovens e idosos a não terem medo de lançar grandes ou pequenos problemas aos pés de Deus. Em segundo lugar, a vida de Ana é um lembrete de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rom. 8:28). Independentemente de qual direção nossa vida pareça estar seguindo, Deus é digno de nossa total confiança. Derrame o seu coração diante dele (Sl 61: 1-2).
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*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth (Edição online de agosto de 2016) , traduzido com permissão do editor.
** Abby cresceu em Grand Rapids, MI, nos Estados Unidos, onde frequentou a Heritage Reformed Church. Atualmente, ela é membro da Immanuel Fellowship Church em Kalamazoo, Michigan. Ela ama escrever e deseja ter mais tempo para se dedicar a isso.
***Tradução: Priscila Deó Guimarães