Como são as roupas simples e modestas? 1Tm. 2:9 nos fala: “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso.”
Para entender melhor este versículo, vamos voltar atrás, para o tempo da igreja primitiva. Tinha havido algumas distúrbios surpreendentes nas reuniões da igreja ultimamente e Paulo estava escrevendo a Timóteo “para que. . . fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” (1Tm.3:15).
Claramente algumas pessoas não estavam se comportando de maneira digna da igreja do Deus vivo, necessitando, portanto, desta repreensão graciosa do apóstolo.
Paulo começa, apropriadamente, com os homens: “Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade.” (1Tm. 2:8). Ele está dizendo, “Pessoal, parem de discutir na igreja! Vocês estão desviando a atenção do culto, do ensino e da oração. Ira é sempre pecado, mas especialmente na igreja, a casa de Deus, a igreja do Deus vivo. Então vocês precisam parar de brigar e começar a orar!”
Depois, Paulo se dirige às mulheres no verso que acabamos de ler (1Tm 2:9). Ele está preocupado porque algumas delas estão imitando a vestimenta e o adorno das mulheres da corte romana e das prostitutas. Essas mulheres eram conhecidas pelas suas roupas caras e jóias e penteados elaborados; elas se vestiam, não só para chamar a atenção, mas também para seduzir.
Quando as mulheres da igreja chegavam vestidas assim, não é de se admirar que elas distraíssem outros da adoração a Deus. E ainda mais, pelo seu modo de vestir ostentoso elas se associavam com os ricos (separando-se, assim, dos pobres) e os descrentes (distanciando- se assim dos seus irmãos membros da igreja). O seu modo de vestir causava distração, e talvez até mesmo divergência.
É por isso que Paulo incita as mulheres para que se vistam com “traje decente” e “não com cabeleira frisada e com ouro ou pérolas ou vestuário dispendioso.” Ele quer que o Salvador, não estilo sedutor, seja o foco da reunião da igreja – e, de fato, o foco de toda a vida.
Então, na verdade, o assunto não era cabelo trançado, ou ouro ou pérolas ou traje caro. O assunto era, e é, vestimenta que se associa com valores mundanos e não valores cristãos (ou piedosos): roupas que dizem “olhem para mim” e “eu estou com o mundo.”
Deixe-me ser claro: Paulo não está categoricamente proibindo uma mulher de realçar sua aparência, no domingo ou qualquer dia da semana. Na realidade, você achará outros lugares na Bíblia onde as mulheres piedosas usavam roupas finas e jóias.
A mulher de caráter nobre em Provérbios 31 vestia-se com roupas coloridas (31:22) e de alta qualidade. Da mesma forma, a noiva em Cantares de Salomão se adornou com jóias (1:10). Ester teve doze meses de tratamentos de beleza (Est. 2:12). Obviamente Deus não é contra as mulheres se embelezarem.
Na realidade, como minha esposa Carolyn observou:
“Deus é o Criador da beleza. Deus tem prazer na beleza. Para verificar este fato só precisamos considerar a beleza que Ele criou ao redor de nós: seja uma flor graciosa ou árvores muito altas, ou um rio sinuoso ou nuvens inchadas ou o céu noturno majestoso. Toda vez que nós paramos para contemplar uma destas cenas espetaculares na criação de Deus, somos obrigados a nos convencer de que Ele se encanta com a beleza!”
Porque somos criados à imagem de nosso Criador, cada um de nós tem essa tendência para tornar as coisas bonitas. Isso significa que quando nós decoramos nossas casas, ou plantamos um lindo jardim de flores, ou procuramos acrescentar alguma forma de beleza ao ambiente ao nosso redor, até mesmo quando nós tentamos embelezar nossa aparência pessoal – estamos, na verdade, imitando e estamos nos encantando nos trabalhos de nosso Grande Criador.
Eu admiro o desejo feminino de minha esposa pela beleza, e a habilidade dela de tornar-se a si mesma, e fazer o ambiente ao seu redor, atraentes. Uma mulher pode honrar a Deus realçando a sua aparência pessoal e embelezando o ambiente ao seu redor.
John Angell James concorda, com ressalva:
“Este gosto [pela beleza], embora em muitos casos possa ser completamente corrompido em seu objeto, errado em seu princípio, ou excessivo em seu grau, é, em sua própria natureza, uma imitação da obra de Deus que, “pelo Seu Espírito guarneceu os céus” e cobriu a terra com beleza.” (1)
O Sr. James tem razão. O gosto de uma mulher pela beleza pode ser uma imitação do caráter de Deus, mas também pode ser corrompido. E tal era o caso nesta igreja do primeiro século. Paulo exortou as mulheres que professavam ser piedosas: “Vocês não devem se vestir de modo que se assemelhem àquelas que são extravagantes, ou, pior ainda, com a intenção de serem sedutoras ou sensuais. Vocês não devem identificar-se com a cultura pecadora e mundana pelo seu modo de vestir.” Paulo estava escrevendo não para condenar o traje atraente, mas para chamar atenção para sua corrupção por associação com ideais e alvos mundanos.
Esta verdade tem relevância eterna. Considere, quem inspira seus trajes? Com quem você está se identificando através da sua aparência? Quem você está tentando imitar ou parecer com o seu modo de vestir?
O seu penteado, vestimenta ou qualquer aspecto de sua aparência revela uma fascinação excessiva com valores culturais pecaminosos? Você está preocupada em se parecer com a última vencedora de “Ídolos”, ou com as atrizes nas capas de revistas, ou com a mulher imodesta que mora ao lado? Os seus modelos são as mulheres piedosas da Bíblia ou as mulheres mundanas de nossa cultura?
As mulheres na igreja não deveriam se parecer exatamente como as mulheres descrentes, sedutoras do mundo. Mulheres na igreja devem ser diferentes. Elas não deveriam chamar atenção por causa da roupa reveladora, mas por causa do seu coração e vestimenta distintamente modestos.
(1) James Angell James, Female Piety (Morgan, PA: Soli Deo Gloria, 1860; repr. 1995).
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* Este é o terceiro de sete trechos extraídos do capítulo sobre modéstia do livro Worldliness: Resisting the Seduction of a Fallen World (Mundanismo: Resistindo à Sedução de um Mundo Caído) – Ed. Crossway, 2008 – de C.J. Mahaney. Publicado originalmente no blog do Sovereign Grace Ministries, traduzido e publicado em português no blog Bom Caminho Mulher, re-publicado aqui conforme autorização expressa no próprio site.
**C.J. Mahaney lidera o ministério chamado Sovereign Grace em sua missão de estabelecer e apoiar igrejas locais. Após pastorear Covenant Life Church in Gaithersburg, Maryland, por 27 anos, C.J. “passou o bastão” para Joshua Harris no dia 18 de Setembro de 2004, e assim pode focar toda a sua atenção nos ministérios da Sovereign Grace. Ele serve no conselho da Alliance of Confessing Evangelicals e na diretoria do The Council on Biblical Manhood and Womanhood.
C.J. e a esposa dele, Carolyn, têm três filhas casadas e um filho. Eles moram em Gaithersburg, Maryland.
*** Tradução: Priscila Bernardi Heyse e Ester Bernardi Marafigo
Esclarecedor e com intenção direcionada biblicamente para o crescimento da mulher cristã.
Muito obrigada! Fui exortada através desse estudo!
Um ótimo texto. É uma grande dificuldade para as mulheres conseguirem se livrar da pressão de se vestir como o padrão que o mundo e a mídia impõem. Precisamos orar e nos manter focadas em usar roupas que glorificarão o Senhor e não que irão atrair a atenção dos irmãos maliciosamente.
Hoje em dia é muito difícil a mulher se vestir com modéstia… Mas a bíblia fala que as coisas do mundo são passageira e isso é verdade não digo que devemos ir desarrumada para Igreja mas sim devemos ir arrumada, perfumada mas com uma dose de simplicidade ser chic não é ser a mais linda mas ser a mais fina, educada a Igreja realmente não é o lugar para nos exaltar e sim para Glorificar e Exaltar somente ao SENHOR…