Screen Shot 2014-07-20 at 11.57.26 AMAinda não leu a Parte 1? Leia Aqui
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A terrível fase que dura até os três aninhos…

Por volta de um ano de vida, quando nossos filhos já são capazes de se comunicar de alguma forma e já são capazes de entender ordens simples, o investimento deve ser ainda maior. Se você é daquelas mães que acham que seu filho de um ano é um bebê que não entende nada, experimente observá-lo quando você o proíbe de mexer em alguma coisa e ele fica te olhando, sorrindo e indo com a mãozinha bem devagarzinho para o objeto negado! Você realmente acha que ele não entendeu? Ele não só entendeu, mas já domina a arte milenar da manipulação, sem que ninguém o tenha ensinado! Portanto, não subestime seu filho. Controle-o, ou ele controlará você!

Nesta idade a vontade de estar em atividade, de correr e brincar estarão muito evidentes. Por isso, a permanência no culto será um desafio para os pais. Nesta idade porém, diferente dos bebezinhos, você já poderá prolongar a conversa ao pé de ouvido quando tiver que sair com eles. E à medida que crescem e entendem mais, a cobrança deverá aumentar. Uma criança de dois anos, por exemplo já entende que não deve fazer pirraça, fazer força com o corpo para conseguir o que quer e coisas semelhantes. Desta fase em diante, você precisará de uma ajudinha extra!

Tendo o filho mais velho com 6 anos, o segundo com 4, outro com 2 e uma recém nascida nos braços, nós tínhamos que decidir: ou desistíamos da igreja, ou seríamos rigorosos em manter a disciplina deles no ambiente de culto! Claro que o segundo caminho foi o escolhido e para isso, tivemos que lutar bravamente! Lembro que tínhamos varinhas espalhadas em vários lugares: na minha bolsa, no carro, no quarto e…NO BANHEIRO DA IGREJA!!! Pode parecer engraçado, mas não queríamos correr o risco de precisar disciplinar as crianças e estar sem o instrumento adequado no momento. Por isso, no cantinho da janela do banheiro feminino ela repousava em paz durante toda a semana, para ser muito usada aos domingos! E acreditem, tinha domingos que ela era usada várias vezes no mesmo culto. Às vezes com o mesmo filho, às vezes com filhos diferentes. Se fosse necessário, e sempre era, saíamos com a criança, explicávamos que sua desobediência precisava ser corrigida, a levávamos ao banheiro e aplicávamos a disciplina ali mesmo. Acalmávamos a criança, e a levávamos de volta ao culto. Assim fomos pouco à pouco vencendo a primeira batalha: mantê-los quietos nos cultos.

Conforme eles foram crescendo, no entanto, nossa preocupação não era mais que eles permanecessem quietos (isto eles já faziam), queríamos também que eles tivessem o máximo de proveito possível daquele momento tão especial, de acordo com a idade e maturidade de cada um. Veio então uma nova fase.

Dos quatro anos até a alfabetização

Sei que levar brinquedos, livros para pintar e coisas que distraiam a criança no ambiente de culto é uma tentação difícil de resistir! Mas nunca se esqueça o que você e sua família foram fazer lá e diante de Quem estão! Nunca se esqueça que este não é um momento em que você precisa distrair seu filho. Não! Sua função é ajudá-lo a se integrar ao ambiente.

Nossa sociedade passa por sérios problemas no que tange a concentração. Devido à quantidade de tecnologias disponíveis, a rapidez e superficialidade das informações e ao excesso de entretenimento que nossa geração experimenta, fica cada vez mais difícil ensinar o povo de Deus a sentar e ouvir um sermão, por exemplo. Esta ‘doença’ também atingirá nossas crianças se não as ensinarmos desde cedo a parar e prestar atenção ao que está sendo dito. É claro que elas não entenderão tudo que é dito no culto, mas irão juntando conceitos aqui, outros ali. No decorrer dos anos, as frases soltas se tornarão textos e farão sentido! Elas estão também sendo treinadas a experimentar a realidade da adoração do corpo de Cristo. Portanto, não queira distraí-la agora, para cobrar dela atenção no futuro. Ensine-a a permanecer quieta, prestando atenção ao que acontece.

Treine-a também a participar das partes do culto que são comunitárias. Ensine-a a se levantar quando todos se levantam para cantar, ajude-a a abrir a Bíblia na hora da leitura, mesmo que ela ainda não saiba ler. Estimule-a a fechar os olhos e a orar na hora da oração. Ela deve se sentir parte do que está acontecendo. Seus filhos são membros do corpo de Cristo e estão ali para servi-lo em culto! Não despreze ou minimize a importância do momento em que Deus se encontra com o seu povo. E seus filhos são povo do Senhor!

A esposa de um presbítero de nossa igreja sempre manteve seu filho com ela o culto todo. Quando a pregação começa, ela diz ao seu pequeno de 4 anos, que ele deve prestar bastante atenção ao que o pastor está falando e que a cada vez que for dito algo que ele julgue importante, deve desenhar para explicar à mãe depois. Orebe estava pregando em Apocalipse, e ao final de um dos cultos, a mãe veio me mostrar a folha do menino. Que coisa impressionante! Ele havia desenhado estrelas, fogo e um dragão. Todos, elementos presentes na pregação. Através deste artifício ela não só o mantém quieto, mas (e mais importante) o faz ficar atento ao que o pastor diz. Depois do culto, a caminho de casa os pais vão pedindo para que ele explique os desenhos e se impressionam com o quanto ele apreende do que foi dito! Mesmo sem ser alfabetizado, aquele menino faz sua anotações do sermão. Sua mãe não está querendo distraí-lo dando um livro dos Power Rangers para ele colorir. Ela quer prender a atenção dele à exposição bíblica. E tem conseguido!

Crianças alfabetizadas

Nesta fase você começará a colher os doces frutos de ter ensinado suas crianças a participar ativamente do culto! Agora ele já está crescidinho e durante tantos anos foi treinado a estar no Culto solene, que você não enfrentará mais aquelas lutas do começo. Agora é hora de investir no entendimento das Escrituras e no crescimento espiritual dele. Vá exigindo mais dele conforme ele for crescendo. Assim que souber escrever, você pode pedir que ele anote as palavras que foram ditas durante a pregação e que ele não conhece para que você explique depois. Pode também pedir para ele anote os versículos citados na pregação. Conforme ele for crescendo, suas sentenças poderão ir ficando maiores.

Certa vez Orebe pregou na igreja de um pastor amigo nosso. Sua esposa, grávida do terceiro filho, não foi para o culto pois estava passando muito mal. Enquanto o pai dirigia a liturgia, os meninos de 5 e 10 anos, se mantiveram sentados ao meu lado, participando ativamente de todas as partes do culto. Ao final, seguimos para a casa do pastor para jantarmos com a família dele. Qual não foi nossa surpresa quando, enquanto conversávamos sobre o culto e a pregação, o menino de 10 anos puxou de sua bíblia um papel com o esboço todinho da pregação. Quando Orebe olhou, ficou até emocionado. Ali estavam todos os principais pontos abordados na pregação daquela noite!

Certa vez um de nossos filhos, aos 9 anos, repetiu toda a exposição do texto do fariseu e do publicano que havia sido pregada pelo pai naquela noite. Ele não apenas contou os detalhes, como fez as aplicações do texto. Não subestime a inteligência de seus filhos! Não os trate como se fossem seres inferiores, incapazes de raciocinar. Enquanto este meu filho estava estudando cultura grega e egípcia na escola, as igrejas que visitávamos queriam que ele saísse do culto e fosse pra classinha para cantar “eu sou uma florzinha de Jesus”. Depois ninguém entende quando alguns filhos de crentes vão embora da igreja na adolescência! Passam a vida na periferia da igreja, sendo tratados como não pensantes, não tendo suas dúvidas respondidas, tomando sempre leitinho. A comida nunca passa a ser sólida pra eles. As grandes doutrinas do Evangelho lhes são negadas sob a alegação de que não vão entender… Na hora que as grandes dúvidas chegarem, eles não quererão mais respostas!

Como a congregação pode ajudar?

Se você já passou da fase de ter filhos pequenos ou ainda não os tem, pode auxiliar as mamães de crianças pequenas. Talvez você possa se oferecer para sentar no mesmo banco a fim de olhar as crianças maiores enquanto a mãe cuida do bebê. Muitas esposas de pastores e presbíteros e diáconos lutam sozinhas com as crianças durante os cultos, pois seus maridos estão exercendo suas funções. Elas precisam de ajuda!

Outra forma de colaborar com as mães e com a ordem e reverência do culto é evitando olhar para trás a cada barulho de criança que ouvir. Quanto menos movimentação, melhor. Evite também brincar, dar sorrisinhos e tchauzinhos para as crianças de suas amigas durante o culto. Por vezes a mãe leva um tempão para acalmar as crianças e aí vem um adulto para brincar e distrair a criança, jogando o trabalho da pobre mãe por água abaixo

Qual o resultado de todo este investimento?

Talvez a esta altura você esteja sendo tentada a pensar que seria preferível que seu filho amasse o culto espontaneamente. Talvez você esteja esperando ele ter muita vontade de ler a Bíblia sozinho e a ter hábitos de oração por conta própria. Mas este é um engano. Nós precisamos cultivar os hábitos devocionais deles desde cedo, e o que é uma obrigação no começo, se tornará um hábito que dará lugar ao prazer! Posso testemunhar esta verdade na vida dos meus 4 filhos! Quando começaram a ler era uma luta para que eles lessem os textos bíblicos que eu reservava para eles diariamente. Livros…ai, que tristeza! Nós líamos com eles e para eles durante anos. Ás vezes elegíamos um livro para lermos algumas páginas diariamente no culto doméstico. Deixávamos livros e revistas expostos pela casa para ver se eles pegavam espontaneamente. Nada. Nosso sonho era descansar desta tarefa e vê-los cumprir suas atividades devocionais sem serem mandados e com prazer. Não quero te desanimar minha amiga, mas demorou muito para que isso acontecesse… No começo da adolescência deles, juntamos uma turma da igreja e fazíamos um rodízio de livros. Cada um tinha que pegar um livro e tinham um mês para ler. Ao final do mês, nos reuníamos para que cada um falasse sobre o que leu e trocassem de livro. Fizemos isto durante quase dois anos e ao final deste período, para a nossa alegria eles nunca mais pararam de ler teologia! Terminando um e começando outro, comprando livros a cada trocado que sobra, que nem gente grande!! Seus hábitos devocionais privados e públicos agora são expressão do amor que têm a Deus! Amam o culto, amam ouvir pregações expositivas, anotam tudo, saem do culto falando das pregações e usam a semana para pesquisar mais acerca do que foi pregado. O treinamento e principalmente a ação do Espírito Santo de Deus na vida deles deram frutos. E conto isso a vocês na certeza de minhas falhas, como quem muitas vezes deixou de fazer o que tinha de ser feito, mas que contou com a maravilhosa e redentora graça de Deus na vida de sua família. Este pequeno relato familiar tem o objetivo de te encorajar a investir na vida de piedade pública e privada de seus filhos! Nós somos os instrumentos para que Deus faça a sua obra na vida deles. Portanto, não desanime! Invista, chore, ore, persista, labute! E como diz o pastor Joel Beeke, invista na alma de seus filhos COMO SE a salvação deles dependesse de você. Não tenha medo de que eles não amem o Culto Público por serem obrigados a ficarem quietos quando pequenos! Se eles virem em seus pais o amor e a reverência a este momento solene prosseguirão com a fé de vocês e a próxima geração, seus netos, também persistirão adorando o Grande Rei de toda a terra!

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Nota da Editora:
Clique na imagem abaixo para baixar o PDF de uma sugestão que pode ajudar o seu filho na hora do culto.


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simone* Simone Quaresma é casada há 24 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.

Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (22 anos), Israel (20 anos), Davi (18 anos) e Júlia (16 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.